26/04/2006

Uma Carta Para o Passado

Aqui é tudo tão diferente minha amiga, tem vezes que quando acordo sinto grande vontade de voltar no tempo, sei que isso não é possível, mas é tão estranho acordar sem ter alguém para dizer seus pesadelos, não digo alguém ao lado, tanto romantismo não seria normal de minha pessoa, mas sim alguém qualquer, ou qualquer alguém para ouvir as minhas bizarrices platônicas.
Não posso negar que há lugares lindos por aqui, você precisava ver as coisas que eu vejo, é uma beleza tão diferente, tão nostálgica que se você soubesse choraria comigo as coisas doces e tristes da vida aqui, são belas, mas entristecem muito, às vezes confesso-lhe que sinto muita vontade de chorar. As coisas aqui lembram aqueles antigos cinemas onde a pipoca era vendida na porta, só passava um filme e a cidade toda ia vê-lo, o velhinho que vendia pipoca era sempre um homem muito simpático que adorava as crianças e elas o correspondiam, é assim aqui, essa beleza nostálgica e livre, saudosista como só ela pode ser, aqui eu vejo felicidade e tristeza sendo encobertas por um sentimento que parece muito maior que ambos, saudade minha amiga, saudade!

Às vezes me sinto sozinho aqui, é tão frio, e como é bela a neve, ela me faz se sentir tão pequeno, as pessoas vão passando como que um filme avançando as cenas enquanto estranhamente eu ando em velocidade normal, às vezes eu lembro de quando era criança e na minha primeira tosse vinha um monte de gente ver o que eu tinha, penso nisso quando sinto alguma dor, talvez eu até a procure, e quando eu sinto vem uma saudade que afeta minha alma de maneira muito profunda. Queria que você visse o quão lindo é uma casa de madeira no gelo, você sente a impressão de que há antigos instrumentos de cordas escoceses tocando qualquer bela canção para lhe fazer chorar, queria discutir sobre a vida com você, o que vamos ser quando diminuirmos, conversar sobre todas as coisas que queríamos ter sido.
Confesso também entre tantas outras coisas que tanta nostalgia me atrai, aqui é muito diferente, aqui pouco se fala sobre o que realmente se importa, mas todos vêem o barco andando, acho que o problema é que fingem não ver, tentei uma vez tossir alto, o mais alto que pude, mas não é preciso dizer o nada que aconteceu. Aqui às vezes peço desculpas por qualquer coisa, é um sentimento estúpido de culpa e vontade de que alguém me dê um abraço, e talvez me ofereça um álcool qualquer. São coisas estranhas que eu não consigo explicar, e essas mesmas coisas estranhas me fazem chorar perto da lareira que esquenta o corpo, mas nunca a alma. Um filme certa vez esquentou minha alma a tirando da linha do trem e lembrando as histórias que eu contava, mas o filme acabou. Ás vezes eu escrevo coisas que nunca leio, e às vezes leio em papéis em branco coisas que eu nunca escrevi quando criança, me pergunto será que era tão sonhadora como eu lembro, ou acho que lembro?

Dia desses eu dormi a tarde e acordei por volta das seis e meia, achando que já fosse outro dia, mas não era, sentei em um pedaço de terra que não estava coberto pela neve, procurei por todos e lembrei o que já lembrava, me confessei de que ninguém mais aqui estava por que aqui nunca estiveram, lá sim todos estavam, mas aqui não, nunca, minha amiga te juro que morri ali.
Aqui as pessoas escondem mais a alma com roupas e cobertores, se tosse muito mais que antes, às vezes procuro errar a espera de um conselho mesmo que oculto, mas eles morreram assim como minha capacidade de sonhar o futuro, que deu vida a enorme capacidade de ter sonhos saudosistas. É tudo frio e lindo, como eu queria que você visse o quão lindo é, e nostálgico, tão nostálgico.
Fica aqui minhas últimas palavras pra você minha amiga, lembre-se de mim e de tudo que acontecia ai, de todos, lembre-se do que queríamos ser quando crescer. Quando você receber minha carta muitos pássaros terão caído, então não hei de me queixar mais, mande-me canções, eles insistem em nomear todo endereçamento igual ao que era antes, então será fácil, mas que idiotas, acham que eu sou estúpido a esse ponto. Tolos! Mande-me canções, muitas canções, envelhecidas como a manhã que eu recebe-las, envelhecidas e belas, tristes e doces, canções minha amiga me farão se sentir vivo, não como antes, mas pelo menos enquanto elas durarem eu vou me manter. Lhe prometo.

Adeus!

9 comentários:

Anônimo disse...

Bem, esse texto eu li, digamos em "pre-estreia"... tenho certeza do significado que ele tem para vc, no momento em que li, achei melhor nao comentar nada contigo, ate mesmo pq o tempo tava meio pesado... até pra mim... como um dia triste chuvoso num dia de inverno... É engraçado como as vezes nomeamos sentimentos como se existisse uma fronteira entre eles e fosse muito facil distingui-los. As vezes, meio que sem querer alguns sentimentos se confundem, se perdem, digo que em um unico momento podemos passar da amizade para o amor e acabar no odio... da preocupacao para o ciumes e cair na indiferenca... do querer estar, do ficar e naum mais se importar...
Seria muito bom se todos nos viessemos de fabrica com um manual de instrucoes, o tempo que perdemos procurando entender as pessoas, os sentimentos, poderiamos usar para sermos mais felizes, talvez essa seja a essencia da vida, a eterna busca pela felicidade materializada em "alguem", e duro pensar dessa forma, as coisas poderiam ser mais simples ou seriam nos que complicamos demais?

Anônimo disse...

Nossa...é Lelo darko, é paul, é chico....todos filosofos e pensadores que escrevem bem,,e eu aqui,
Sua carta é excepicional....fodástica....queria que tivesse escrito para mim!!!

Anônimo disse...

ahhhh..sei lá...não é bem o que voce pensou chico...
Eu sei o que vc pensou...

Confesso que tem um pouco...mas não é mentira quando disse que escrevi ouvindo travis e imaginei o cara do travis escrevendo uma carta das escócia para uma amiga de infancia que ele nao ve mais...dai coloquei pontos da minha vida sim..mas nem tudo...é uma mistura total!!

Anônimo disse...

nossa....q viajem...o cara do travis escrevemndo uma carta..meu deus sua mente ainda vai explodir!!!

Anônimo disse...

Confesso que achei um pouco difícil saber em qual das atualizações postar, já que o clima melancólico pairava em quase todas. Contudo, essa em especial me chamou a atenção.
Uma vez assisti a um show de uma banda que eu idolatro (isso mesmo) e, em determinado momento, ao cantar uma parte da letra de uma música, o vocalista fez um comentário logo em seguida. O caso é que foi algo totalmente inesperado. O que mais me chamou a atenção na cena toda foi a forma como ele disse a frase. Naquele breve instante, ele foi para um lugar que não pertencia a nenhum dos presentes do bar Coppolla, só a ele. Naquele momento ele admitiu: “essa música eu fiz para você”, e só pertence a ele e a essa pessoa. Naquele momento, seus sentimentos vieram à tona e ele, apesar de tentar compartilhar com todos ali, se tornou o único que realmente sabia o que estava acontecendo.
Acho que posso dizer que algo semelhante acontece com você, meu amigo condutor. Não sei do que se trata essa carta, jamais saberei o que significa para você (por mais que eu e todos nós tentemos entender), não sei para quem ela esta destinada, porque tudo isso só diz a respeito a você, e mais ninguém. Porque jamais saberemos “de onde vem à calma” do próximo, só podemos nos sentar ao seu lado e confiar em suas decisões.
Quanto aos sentimentos, sim, muitas vezes sentimos frio, e, talvez por isso, sentimos tanto a falta de alguém que possa nos aquecer, porque sabemos que não podemos fazer isso sozinhos. E também nós sentimos falta de aquecer alguém. E muitas vezes, são tão intensas essas sensações e são tão sinceros e intensos esses sentimentos que chega a doer. Não é assim?
Não, não há mais aqueles que corram para nos ajudar quando caímos. Às vezes, tenho a impressão que a máxima de nossos dias é que, ao tropeçarmos, dá-se mais valor a queda do que a contusão. É verdade também que ao gritarmos numa multidão somos só mais um, e que nossa voz já não tem o poder de outrora. É verdade que o bondoso velhinho que vendia pipoca na porta do cinema foi trocado por jovens que são obrigados a se venderem desde cedo a uma lavagem cerebral em troca de algum dinheiro que possam satisfazê-los em seus curtos períodos de lazer (viver?). E, infelizmente, é verdade, que você morreu em algum momento, e que eu também morri. E que o Chico, a Lucy, Ashtray Girl, e tantos outros morreram em algum momento. Na verdade acho que fazemos isso um pouco todos os dias.
Morremos porque não podemos ser os mesmos. Morremos porque a cada momento ganhamos uma experiência nova de vida e deixamos de ser quem éramos há uma hora atrás. Morremos porque esse tempo é tão curto que acabamos entrando em conflito com nós mesmos porque não sabemos se nos celebramos ou se nos censuramos.
Mas tem uma coisa...nós também nascemos de novo, e, de novo, tentamos aprender a andar, falar, ouvir, viver...
Fica um exercício para todos nós então: já que estamos todos juntos no mesmo trem e com boa música para curtir a viagem, porque não aprendermos todos juntos a andar, falar, ouvir, viver...
Eu estava ouvindo o cd “Ventura” enquanto escrevia e talvez essa música sirva de inspiração para todos nós.

Los Hermanos - Conversa De Botas Batidas
Marcelo Camelo


- Veja você onde é que o barco foi desaguar
- A gente só queria um amor
- Deus parece às vezes se esquecer
- Ai, não fala isso por favor
Esse é so o começo do fim da nossa vida
Deixa chegar o sonho
Prepara uma avenida
Que a gente vai passar

- Veja você, quando é que tudo foi desabar
- A gente corre pra se esconder
E se amar se amar até o fim
Sem saber que o fim já vai chegar

Refrão
Deixa o moço bater
Que eu cansei da nossa fuga
Já não vejo motivos
Pra um amor de tantas rugas
Não ter o seu lugar

Abre a janela agora
Deixa que o sol te veja
É só lembrar que o amor é tão maior
Que estamos sós no céu
Abre as cortinas pra mim
Que eu não me escondo de ninguém
O amor já desvendou nosso lugar
E agora está de bem

Refrão

Diz quem é maior
Que o amor
Me abraça forte agora
Que é chegada a nossa hora
Vem vamos além
Vão dizer
Que a vida é passageira
Sem notar que a nossa estrela
Vai cair

Anônimo disse...

ops...caraca!!!!!Esse clima esta afetnado todos nós heim..

e essa musica..é uma das minhas favoritas do los hermanos..

Valeu Paul!!!

Anônimo disse...

Paul essa foi foda!!! Sem palavras no momento!!! So tenho a dizer q o seu texto foi excelente...

Anônimo disse...

sei lá... gostei das palavras, mas tudo é consequência dos nossos atos!!! será que a distância q hj há entre o cara do Travis e a mina a quem ele escreveu a carta ñ é consequência de respostas q ele deu no passado??? Ou a atos que ela fez na mesma época??? as vezes podemos nos arrepender, mas as vezes podemos fazer algo!!!

Anônimo disse...

oó anonimo....boa comparacao a sua..
Mas por q nao se identifica::