Sobre o filme “O Ano Em Que Meus Pais Saíram de Férias”.
Não me canso de tentar explicar com palavras minha concepção sobre o sentimento de saudade.
Para mim ele é o mais complexo de todos, é triste e feliz, e une as duas coisas como nenhum outro sentimento. É triste porque se existe a saudades logo existe a falta de algo, mas é uma tristeza acolhedora, que faz sentir-se bem. Acho que nunca vou poder explicar o quanto esse sentimento me fere e me faz feliz.
A tal complexidade se alastra quando sinto saudades do que nunca vivi, de momentos que nunca passei.
É o caso do filme em questão, passa-se no ano de 1970, Copa do Mundo, tri-campeonato, ditadura militar em sua fase mais linha dura, AI-5 eliminando todos opositores, e a luta de algumas pessoas por um ideal tão libertário e romântico.
Não vivi isso, mas tem uma poesia tão forte aquela época e aquelas lutas ideológicas que me atrai de maneira tão intensa que quando vejo cenas da época, em filmes ou não, músicas ou frases, eu sinto saudades, as estranhas saudades das coisas que nunca vivenciei.
O filme é belíssimo, dos melhores filmes que vi no cinema esse ano. Mostra a visão de mundo de um menino que tem por volta dos doze anos de idade e que é deixado com seu avô para que seus pais “tirem férias”, que eram na verdade uma fuga dos linhas duras da ditadura.
Todo o clima do filme mistura o universo infantil com o clima pesado da época e a euforia da copa do mundo, bem como à saudade o tempo era feliz e triste, e as interpretações das tragédias passadas de forma colorida ao menino são de tirar lágrimas.
Fora das salas do cinema um alivio em meio a tantos filmes medianos algo que me faz lembrar o tanto que adoro cinema!
“Exilado talvez sejam as crianças filhos de pais que chegam sempre atrasados.”